sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

De Nosferatu à Crepúsculo


A segmentação entre filmes alternativos e comerciais é cada vez mais presente no mercado cinematográfico

As pessoas gostam de criar estereótipos e na relação com o cinema não é diferente. Rótulos como Cult, Alternativo e Clássico são utilizados pela mídia para catalogar filmes e segmentar públicos, porém, poucas são as pessoas que conseguem compreender essas diferenças.

O cineasta Anderson Craveiro, conta que esse termo “Cult” se disseminou na década de 80, quando encontrava-se nas prateleiras das locadoras a etiqueta “cult”. Esta era destina aqueles filmes raramente locados e com uma temática diferente dos demais.

De acordo com o crítico de cinema Carlos Eduardo Lourenço, esses termos são extremamente subjetivos, o que é cult para um pode não ser para outro e o mesmo acontece com os clássicos. “Eu vejo pelo canal Tele Cine Cult, para mim aquilo é um balaio de gato, tem de tudo, mas para a pessoa que faz a programação, são apenas são filmes cults”, diz Lourenço.

Já com os filmes alternativos é diferente. Por tratar-se de um conceito mais amplo, pode ser utilizado em diversos gêneros culturais, referindo-se a um mercado a parte do que é visto na mídia.

Para o estudante de publicidade e cinéfilo assumido, Mateus Grazina, estes termos não fazem o menor sentido. O Filme é uma expressão artística, e tanto um popular como Gremilins quanto um cult como Jules e Jim merecem o mesmo respeito. Afinal, comercial ou não, o que conta é como o filme atinge o telespectador. “Cult é um termo de locadora para catalogar filmes, que intelectuais gostam de assistir”, complementa Grazina.

Essa diferenciação não fica apenas para se referir a um filme, mas também quando de trata do Cinema em si. Londrina possui dois cinemas principais. O Multiplex Catuaí, destinado a filmes de grande bilheteria e o Cine Comtour, que se preocupa em exibir filmes que, normalmente, seriam excluídos dos grandes cinemas.

Craveiro ainda diz que os filmes cults, também podem ser considerados como filmes autorais. Ao invés de seguirem uma estrutura de roteiro popular e com a garantia de sucesso, o filme é rodado de acordo com os conceitos pessoais do diretor. “Muitos filmes são produzidos para públicos direcionados e até mesmo já como ganhadores de prêmios. Em contrapartida, os autorais ou cults, não possuem um compromisso com o mercado”.

Por essa razão, muitos diretores são rotulados como comerciais ou cults, e na maioria das vezes, injustamente. O mesmo diretor pode fazer diferentes tipos de filme. Spielberg é capaz de podruzir uma aventura infantil como E.T ou nos levar a severas reflexões em A Lista de Shindler.

Vale considerar também que há uma confusão entre clássicos e cults. Um filme não se torna cult, apenas por ser antigo. Afinal, muito considerados cults, como Os pássaros de Hitchcock, já foram comerciais em sua época de lançamento. Ou seja, é possível um filme popular se tornar cult apenas por mudar de público alvo? Para responder essa pergunta, precisa-se primeiro entender o que torna um filme cult.

De acordo com Carlos Eduardo, o termo cult, vem de “culto ao filme”, isto é, voltado para um público que tem o cinema como paixão. Pode-se dizer ainda, que o cult é um filme não para ser entendido e sim, sentido.

Já os filmes de entretenimento, também considerados como comerciais, aqueles que costumamos ver em grandes telas de cinemas, são feitos para momentos de lazer e, normalmente, não demandam reflexão por parte do telespectador. Estes atingem grandes bilheterias e costumam possuir temas repetidos. Muitas vezes até parecem releituras de clássicos.

Não é possível assegurar que essa segmentação seja boa ou ruim. Anderson ainda garante, “Não é possível dizer qual filme é melhor ou pior, cult ou comercial, gosto é gosto”.

A Crítica de Cinema

Com o excesso da liberdade de expressão proporcionado pelo advento da internet, qualquer pessoa pode liberar informações na rede. A crítica de cinema, que antes exigia um alto nível intelectual, hoje pode ser escrita e veiculada por qualquer um que esteja conectado.

De acordo com o crítico de cinema, formado pela FAAP, Carlos Eduardo Lourenço, esse fenômeno é indiferente pra quem realmente procura informação de qualidade, afinal deve-se avaliar a fonte de informação que prove a crítica. “Sem querer generalizar a crítica virtual como ruim, a internet disponibiliza sites de críticas confiáveis e com autores capacitados, porém estes são a minoria”, diz Lourenço.

O processo para desenvolver uma crítica é complexo e exige bagagem e estudo do autor. O conhecimento é necessário para que a obra seja vista com um olhar diferente, mais denso, do que o dos leitores leigos.

Para a designer Gabriela Duarte, a crítica não influencia tanto, pois prefere assistir ao filme e tirar suas próprias conclusões. Carlos Eduardo diz que acontece com Gabriela é o mesmo que acontece com muitos dos brasileiros que não estão habituados a levar a crítica em consideração, e para ele, este formato tem muito a crescer no pa

Cinema ontem e hoje

De Nosferatu à Crepúsculo, o cinema sempre esteve presente na vida das pessoas. Seja em uma pequena sala de projeção, ou no conforto de casa em frente ao computador, histórias contadas em forma de imagem, sempre causaram fascínio ao telespectador.

A princípio o cinema era tido como um ritual. Uma vez por semana, pessoas colocavam as melhores roupas para irem à uma única sessão se divertir com seus atores favoritos. Com a virada do século e a chegada da internet, criou-se um mundo virtual de opções de downloads de filmes. Inclusive películas mais antigas, e até então tidas como raras, estão ao alcance de um clique.

A cinéfila e designer Gabriela Duarte, que costuma baixar filmes da internet, diz manter a prática pela comodidade. “Além de ter acesso a um acervo variado, posso assistir ao filme no momento que for mais apropriado”.


Nayara Luchetti e Rafaela Abreu

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