Entre votar e curtir o feriadão muitos dos "eleitores" brasileiros ficaram com a segunda opção
No último domingo todos os eleitores brasileiros votaram para a sucessão presidencial, quer dizer, nem todos. Apesar de o voto ser obrigatório em território nacional, para maiores de 18 anos com a documentação em dia, muitos optaram por justificar seus votos e deixar a eleição à mercê dos votos dos outros, sem necessariamente concordar com o resultado. O número de abstenção bateu recorde no segundo turno, com 21,47%, maior índice registrado desde 1989 quando o Brasil voltou a eleger seu governante de forma direta.
Em vista que na última eleição presidencial em 2006 o índice também foi alto, 18,99% dos eleitores não votaram no segundo turno, medidas para evitar esta abstenção eram necessárias. Primeiramente, a data que foi estipulada não contribui para a presença no segundo turno, pelo contrário estimula a ausência já que correspondeu a um domingo em meio a um feriado. Brasileiro que sempre gosta de dar seu jeitinho, prefere viajar e não votar, e o jeitinho da vez é justificar.
A justificativa para se ausentar nas eleições é outra medida que deveria ser melhor esclarecida para nós eleitores. É no mínimo ambíguo o fato do voto que é obrigatório poder ser justificado, se tornando não-obrigatório. A justificativa deveria ser mais bem apurada e utilizada em casos extremos. Aos políticos antes do pedido pelo voto faz-se necessária a demonstração da importância do exercício deste.
O pior disto tudo é que vamos nos deparar por longos quatro anos com a hipocrisia dos que não exerceram seu “poder” de voto questionando os aspectos políticos e econômicos do país. A conseqüência deste ato só vai ser refletida quando de alguma forma a política que será adotada pela nossa futura presidenta, Dilma Rouseff, atingir estes “eleitores” individualmente. Afinal, a abstenção foi uma decisão individual em uma questão coletiva, e é justamente aí que está o problema, enquanto se pensar em política individualmente em uma democracia não se pode esperar muito do eleitorado brasileiro.
Rafaela Righetti