segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Uma pitada de paixão nacional

Que o futebol move o Brasil todo mundo está cansado de saber. Boa parte dos brasileiros organiza seus finais de semana e seus momentos de lazer a partir do jogo do seu time do coração. Alegria e tristeza, fanatismo e rivalidade são conceitos que assimilamos com facilidade ao esporte, mas e a ética? Muitos de nós não enxergamos que a ética que temos enquanto torcedores é a mesma que temos enquanto civis.



A reta final do Campeonato Brasileiro deste ano contou com um componente a mais: a falta de ética dos dirigentes, dos jogadores e principalmente dos torcedores. Um exemplo por parte dos dirigentes foi a diretoria do Internacional que declarou durante a semana passada que apelaria para punições legislativas caso o rival Grêmio entregasse o jogo para o Flamengo. Sim, o mesmo Internacional que em 2007 não hesitou em conceder a vitória ao Goiás, resultado que rebaixaria o Corinthians a segunda divisão.

O Corinthians, por sua vez, não tem a ficha limpa nessa história. Na penúltima rodada do Brasileirão os jogadores do Timão não fizeram nenhuma questão de demonstrar que estavam em campo contra o Flamengo. O goleiro Felipe nem tentou pegar um pênalti a favor da equipe carioca, alegando ser um protesto contra a arbitragem. Sendo que a melhor forma de responder a arbitragem seria pegar o pênalti e conseqüentemente honrar a camisa que defende.

Honrar a camisa que veste parece ser um desafio diante dos salários milionários pagos aos jogadores de hoje. Ou vai dizer que os brasileiros que estão jogando nos Emirados Árabes, por exemplo, estão lá por amor a camisa? A mesma coisa acontece na vida profissional de diversas áreas. Muitos não escolhem mais uma empresa pela sua filosofia e credibilidade, mas sim pela melhor oferta de salário.

Não venho através deste desmerecer o título do Flamengo, um titulo não é ganho em duas rodadas. A campanha ao longo do campeonato, principalmente no returno, o consagrou campeão. Mas o que tira o brilho dessa conquista é a postura dos torcedores de consagrados times como o Grêmio, que fizeram campanhas para que os jogadores fizessem “corpo mole” e entregasse o jogo. Tudo para o Inter não ter chance de ser campeão. A rivalidade entre os times não pode ser maior que a vontade do torcedor de ver seu time ganhar.

O pior de tudo isso é saber que muitos dos fanáticos por futebol consideram tudo isso perfeitamente normal e se espantam com a falta de ética em seus trabalhos, em seu rol de amizades, em suas rotinas. O triste é saber que o torcedor não percebe que o futebol é o espelho do Brasil. Dito isso, não é de se surpreender que o país do futebol, seja também o país da corrupção.
Rafaela Righetti

8 comentários:

  1. É de arrepir tudo que você escreveu amiga. Seu texto foi como uma mão na minha cabeça dizendo "Calma, seu time errou, perdeu, mas não foi corpo mole a ponto de entregar o jogo". E podemos pegar mais um exemplo de torcedores anti éticos: Os do Coxa e os Palmeirenses. O primeiro pela agressão* ao estádio e o segundo por agressão ao jogador. Simplesmente ameeeei essa matéria. A frase final, deveria ser o título. Perfeito. Parabens Rafa! ;)

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  2. E o que o Sr. Alberto Dualib fez quando estava a frente do timão?? Não foi falta de ética??
    Só te peço uma coisa: quando tu for uma jornalista esportiva defendendo um grande veículo de comunicação, e tu será, por favor seja imparcial. Não precisamos de mais uma como aquele imbecil do Neto, por exemplo. Mas o texto está ótimo, parabéns.
    Vitor Struck

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  4. Essa pitada está arrepiante mas concordo com o comentário do Vitor, falta imparcialidade em relação aos times brasileiros, todos em busca do sensacionalismo, então não há como separar a paixão do salário ou da fama. Contudo, parabéns pela ótima escrita e coerência.

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  5. Bom, já eu tenho que discordar com ambos os comentários à cima. Conhecendo como conheço a Rafaela e os textos dela, ela foi imparcial SIM. Futebol é uma das paixões dela. E sinceramente gente, ela colocou de uma maneira que eu não esperava. Mas cada um tem sua opinião. Eu sou da que ela mandou bem demais, além de ter sido imparcial. Alias, levando em conta também o fanatismo dela pelo Corinthians. ;)

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  6. Não vi nenhuma parcialidade. Apenas "pitadas" de fatos recentes que estão repercutindo na mídia. Afinal de contas, se for necessário relembrar os episódios semelhantes a esses para comprovar imparcialidade, o texto ficaria cansativo. Por isso, sempre haverá escolha de times que estão sujeitos a opinião pública.
    Por último, ficaria caracterizada a parcialidade se as notícias frequentemente fizessem menções desqualificativas aos mesmos times e pessoas.

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  7. Olha parabéns bela sua postagem, um texto muito bem desenvolvido e um exelente repertório futebolistíco. Ainda bem que a honra do time gaúcho foi colocada em primeiro lugar e não houve entrega de jogo.

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  8. reinaldo m. righetti7 de janeiro de 2010 às 10:49

    Muito bom texto , sua colocação é justa e monstra com clareza , a imaturidadae futebolística do povo brasileiro.
    Somos realmente muito mais criticos do que torcedores , levamos ao esporte toda nossa falta de cultura e ética esportiva aos campos.

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