terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma pitada de apelo, por favor

"Farrah Fawcett e Michael Jackson: Morrem ícones da cultura pop." A mídia brasileira apelou no dia 25 de junho de 2009 e este foi o assunto das manchetes de quase todos os veículos de comunicação.
Michael Jackson todo mundo conhece ou já ouviu falar, Farrah Fawcett, apesar de famosa, muitos de nossa geração, passaram a conhecer depois de sua morte. Atriz e modelo, é considerada um dos maiores símbolos sexuais da história. Ganhou fama e passou a ser alvo dos holofotes ao interpretar a detetive Jill Munroe, em “As Panteras”, na década de 70.

Imagens do “Rei do Pop” estavam em todos os telejornais, enquanto Farrah Fawcett, “a eterna Pantera”, foi deixada de lado nas reportagens. Seu nome era anunciado, porém, todo o tempo era dedicado ao rei. Dois ícones merecedores, por que “homenagear” só um e ofuscar o outro?

Homenagem foi o termo à que a grande maioria da mídia se referiu, quando se tratava deste assunto. Os dois não apareciam há tempos, por fama e divulgação de novos trabalhos.

Geralmente, eram alvo da mídia por problemas de saúde. E o rei do pop estava ali, no lugar de outras informações.

Aproveitando o gancho sobre mídia, escrito em outro post, pela Rafa Righetti, levanto a questão.

Onde fica a ética, quando a informação deixa de ser notícia e passa a ser apelativa?

Canais de entretenimento e programas de fofoca? Vá lá, ainda é de se entender, mas telejornais e veículos impressos de grande circulação, também fizeram parte do apelo da mídia. Para terem ideia, uma revista, em uma mesma edição, teve duas capas diferentes. Michael em uma e Farrah, em outra. E alguns jornais tiveram o tempo todo tomado pela mesma “informação”, maçante.

Complicado falar de ética hoje em dia, um tempo em que a televisão precisa de audiência e o povo gosta de sensacionalismo. Se existe, é porque quem sustenta aquilo, no caso, o telespectador, de certa forma permite. Porém, temos que lembrar que o jornalismo deve servir de interesse público, não AO público e passar a informação que realmente interessa.

E olha que influencia. Quem aí nos últimos tempos não se pegou cantando “Thriller”?

Rafaela Abreu

Um comentário:

  1. Adorei o artigo, a mídia realmente influencia. E uma mera coincidência que nessa semana no canal GNT está passando documentários sobre a vida desses dois ícones e também de Patrick Swayze (ator renomado que morreu quase um mês depois, de câncer de pâncreas) e esse também não foi destacado quanto MJ. Implicitamente, acaba destacando o poder da mídia e o direcionamento proposital.

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